quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

HOMENAGEM A DONA ZEZÉ E ZÉ CUSTÓDIO, AGENTES DE SEU TEMPO





UM GOLPE NO PROJETO DE PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA

O tema em questão exige a necessidade de busca das circunstâncias que possam levar ao entendimento doque seja memória, uma vez que: “a memória se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem, no objeto. A história só se liga a continuidades temporais, às evoluções, e às relações das coisas. A memória é absoluta e a história e relativo” (NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História. São Paulo: PUC-SP. N.º 10, p. 9).
Quando do 12.º encontro Nacional de Jongueiro dia 25 e 26 de abril de 2008, foi possível vislumbrar o intangível revelado em duas verdadeiras ancoras vivas de duas das heranças culturais, presentes na comunidade de Piquete, ou seja, o Jongo e Folia de Reis, respectivamente na pessoa de Dona Zezé Machado e Jose Custódio, os quais sempre possibilitaram com que nos apossássemos de modo intenso do verdadeiro sentimento de pertencimento.
Quis a História que, quando da verdadeira copa do mundo de reconhecimento do esforço perpetrado por varias gerações, sendo oportuno lebrar da falecida, Dona Terezinha Generoso, estivessem presentes Dona Zezé Machado e José Custodio vulgo (Zé das Moças).
A insofismável constatação do momento esta no fato de vermos revelados comportamentos que transferidos de geração a geração ainda trás as mesmas “crenças, idéias, atitude e sentimentos”. Sendo certo que, evidências dão conta de que o jongo se faz presente nessas paragem há mais de 300 (trezentos) anos.
Faz-se necessário ainda, abrir um parênteses:”A vida do Negro escravo, desde a sua captura na África, até o trabalho nas plantações do Novo Mundo, foi uma longa epopea de sofrimento. Séculos inteiros assistiram ao martírio, ao trucidamento à tortura de milhões de seres humanos”(RAMOS, Arthur, A Aculturação Negra no Brasil, Castigo de Escravos, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1942, p 84).
Não obstante resta, uma única resposta no que tange a forças reveladas nas manifestações sempre vivenciadas de maneira intensa pelos nossos personagens. Resposta que veio com o silencia e a profética certeza de que; era a ultima vez que estavam se encontrando. E no modo sempre sereno de agir, que haviam cumprido uma grande missão. Ficando a mensagem de que; "O elo garantidor e capaz de manter viva uma tradição é o espírito associativo, revelado na capacidade de viver comunidade". Lição a ser transmitida às futuras gerações, vitimadas por um neoliberalismo capaz de reproduzir as mesmas cruéis táticas de escravidão, restando certo que, a idéia do negro como homem bárbaro, justificador de sua escravização e exploração, recai hoje sobre todos, de modo mais agravante sobre os filhos da diaspora.
Obrigado dona Zezé Machado, obrigado José Custódio, por terem existido em um contexto de cidade, que muito tem a fazer no que diz respeito à preservação do patrimônio material e imaterial.

Sergio dos Santos








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